Leite A2, o que é importante saber?

As diferentes β-caseínas presentes no leite

Bom, vamos começar entendendo um pouco sobre a bioquímica do leite. Aproximadamente 45% das proteínas do leite são β-caseínas. Doze mutações no gene da beta-caseína já foram encontradas em bovinos. No entanto, duas formas prevalentes são encontradas no leite de vaca (β-caseína A1 e A2).

A forma natural (ancestral) da beta caseína bovina é a β-caseína A2, mas devido a uma mutação genética que ocorreu nos bovinos há aproximadamente 10 mil anos, algumas vacas passaram a produzir a β-caseína A1. Dessa forma, o leite de vaca hoje pode conter ambas as formas de beta-caseína (A1 e A2.)

As proteínas A1 e A2 são quase idênticas na sequência dos seus 209 aminoácidos, no entanto, uma única substituição na posição 67 causa diferenças importantes na digestão destas proteínas. A presença do aminoácido histidina 67 na proteína A1, faz com que durante a digestão do leite A1, haja a formação de um peptídeo conhecido como beta-casomorfina-7 (BCM-7). Diferentemente, a beta-caseína A2, que apresenta uma prolina na posição 67 da cadeia de aminoácidos, não forma o BCM-7 durante a digestão.

O BCM7 é um peptídeo bioativo com forte atividade opioide (semelhante à morfina), que pode gerar desconforto intestinal quando presente no trato gastrointestinal de humanos.

O leite A2 no Brasil

A maior parte das vacas leiteiras no Brasil apresenta genótipo A1A2 e, portanto, produzem ambas as formas de beta-caseínas (A1 e A2) em seu leite. Outros animais possuem ainda o genótipo A1A1 e produzem apenas a beta-caseína A1, enquanto alguns animais possuem genótipo A2A2 e, portanto, produzem leite puramente A2.

Enquanto a maioria do leite produzido hoje no Brasil contém uma mistura de beta-caseínas A1 e A2, algumas fazendas já selecionaram seus rebanhos para produção de leite puramente A2, e recentemente, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) publicou a Resolução 3.980 (20/10/2021), que autoriza a inclusão da seguinte frase no rótulo das embalagens de leite A2: “Leite produzido a partir de vacas com genótipo A2/A2”.

Além disso, o leite materno humano possui a b-caseína A2 em seu leite, dessa forma, o leite de vaca puramente A2, se assemelha mais ao leite materno e pode ser uma alternativa importante no momento da troca de fonte alimentar do bebê.

No entanto, é importante atentar-se para a divulgação correta sobre o leite A2. Propagandas irregulares informando que o leite é adequado para indivíduos com alergia à proteína do leite é errada, e tais informações foram proibidas pela Anvisa através da RESOLUÇÃO-RE Nº 4.769, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2021, D.O.U. de 23/12/2021.

O consumo de leites em geral por indivíduos com alergia à proteína do leite de vaca (APLV), incluindo produzidos a partir de vacas com genótipo A2A2, pode implicar em risco à saúde e causar reações e agravos à saúde graves, que variam desde erupções cutâneas até choque anafilático.

É muito importante que as informações corretas cheguem até a população brasileira de forma que o consumidor tenha possibilidade de ingesta de alimentos saudáveis e adequados à sua condição de saúde.

Programas de triagem e seleção genética

O papel da beta-caseína A1 como variante indesejada tem levado à tentativa de selecionar vacas leiteiras A2. Programas de triagem e cruzamentos estão sendo implementados a fim de favorecer a variante A2, desejável entre as raças leiteiras em diversos países. Na vanguarda desde 2003, a Nova Zelândia, vem selecionado rebanhos de vacas que produzem leite apenas com a variante A2 com o lançamento no mercado de leite A2. Muitos estudos têm sido feitos no Brasil para seleção de rebanhos A2A2, para a produção de produtos lácteos mais saudáveis.

A Scienco Biotech aposta no impacto da ciência nacional e desenvolveu um teste inovador para detecção de leite A2.

Este teste é conhecido como Teste Rápido Leite A2 e permite a análise do leite para identificar leite livre de beta caseína A1.

O teste usa uma gota de leite e identifica o leite A2 na própria fazenda, em minutos.

É um teste fácil e rápido que permite a triagem de grandes rebanhos de maneira rápida e barata, facilitando assim a seleção de rebanhos A2A2.

O teste foi validado por sequenciamento genético e mostrou 100% de sensibilidade para detectar leite do tipo A2. O mais importante é que a análise é rápida e fácil, o custo da análise é reduzido (permitindo a análise em massa), permitindo uma expansão e facilidade na testagem dos rebanhos brasileiros.

E mais: nosso teste permite que haja um controle de qualidade durante o processo produtivo, garantindo que todo leite comercializado como Leite A2, seja de fato, livre de b-caseína A1.

Referências

A. M. Caroli, s. Chessa , and g. J. Erhardt J. Dairy Sci. 92 :5335–5352. Invited review: milk protein polymorphisms in cattle: effect on animal breeding and human nutrition

Elisa Massella, Silvia Piva, Federica Giacometti, Gaetano Liuzzo, Angelo Vittorio Zambrini, andAndrea Serraino Ital J Food Saf. 2017 Aug 16; 6(3): 6904. Evaluation of bovine beta casein polymorphism in two dairy farms located in northern Italy

Mishra et al., 2009 Indian Journal of Animal Sciences, 79(7) 722-725, july 2009. Status of Milk protein, B casein variants among Indian Milch animals.

Stanisław Kamiński, Anna Cieślińska, Elżbieta Kostyra Journal of Applied Genetics September 2007, Volume 48, Issue 3, pp 189–198| Polymorphism of bovine beta-casein and its potential effect on human healt.

Pal S, Woodford K, Kukuljan S, Ho, Nutrients. 2015 Aug 31;7(9):7285-97. Milk Intolerance, Beta-Casein and Lactose.

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